Eis aqui uma bela discussão sobre o meu texto "Eternidade ou Finitude".
Anónimo disse...
Com a base da ideia já começo a discordar. O homem será a coisa mais natura do mundo: a possível evolução não orientada por esse “porque sim”. Alias, como referes tu mesmo “homens, autênticos semideuses, porque criadores e portadores de vontade independente”. Então passo a dizer que a natureza só existiu direitinha e equilibrada quando apareceu o homem. Surge assim talvez um “por quê porque sim”, ou então posso mesmo chamar-lhe um “porque não”. Deste modo a natureza passa a estar influenciada por mais do que uma vontade.O que acontece e que são ambos seres. Mas são seres diferentes:O homem é um ser que existe corporal (palpável), intemporal (na medida em que o seu corpo morre para a terra e forma um ciclo no mundo), o homem incorpora o “porque sim” e o “por quê porque sim/porque não”. Ou seja, o homem tem um pouco de “deus” em si. O 2ndo ser, o tal “porque sim”, é um ser corporal (não palpável, excluindo assim o universo), intemporal (pois existe em presente, sempre).Assim, na vida, a ideia é unires a tua vontade com a do segundo ser, para viveres uma vida na paz. O que não significa que este seja o objectivo último, mas assim encontra-se o bom equilíbrio.Mas o homem não poderia existir sozinho no nada e deus sim.Assim, deus é um ser superior ao homem, na medida em que existe por ele mesmo. Deus tem muitas armas para fazer tudo o que quer, mas usa apenas uma, a mais forte: o amor.Deste modo, igualo o amor a essa força unificadora, que une todos os seres e não seres. Une tudo o que exista, pois deus ama tudo, e assim o amor está em todo o lugar.Permita-me que discorde ainda com a justificação para a pergunta que colocou: se caminhamos todos para um ser. A justificação para a parte corporal e para a espiritual foi a mesma, achando que o espiritual estivesse atado ao corporal. A comunhão não justifica o caminho para o mesmo ser, pois para eu ter a melhor vida possível, terei que viver em comunhão com os outros. Se caminharmos os dois no mesmo sentido, ate com a mesma vontade, querendo cada um a melhor vida para si, não caminhamos os dois para um mesmo ser, até vamos em direcções opostas.Assim, e para reforçar a ideia que o amor não é um ser, verifico que o amor e incorporal, e não tendo corpo, é um parasita (no bom sentido), pois precisa de outro ser, com quem partilhar a simbiose, e assim existir.No fim do corpo intacto (pois este permanecera na terra o seu ciclo), a alma, as memorias e a vontade, vão deixar de comungar com o homem e passar a comungar com deus. E nessa altura será estúpido lutar por uma mesma vontade una e eterna, pois serão todos comunhão. E aí só se conhecera o amor, pois todo o ser o terá em si de uma forma quase exagerada.bem, vou ficando a espera de uma resposta
12 de Setembro de 2008 2:11
Benjamim Natura disse...
só uma questão, antes de lhe responder? Para si, Deus=Amor?Ou Deus é um ser Criador de amor?Um ser tem, obrigatoriamente, um corpo físico, isto é, um cadáver? Outra questão? o amor que "todo o ser terá em si de uma forma exagerada" não é o atingir duma vontade una e eterna?Peço desculpa, acho que empreguei mal a palavra vontade e, por outro lado, tomei como dogma pessoal que um ser não tenha um corpo.Há algo que não consigo conceber, e daí talvez o meu erro, que é o seguinte: um Deus independente da Criação - para mim, Deus está aqui. o seu "ama tudo" é o meu "está na essência de tudo"(essência - corpo espiritual, ou o corpo não-físico de que é feito o amor, ou orientalmente falando, a energia vital do Universo [karma, se não me engano, mas acho que me enganei]). O que eu no meu "eternidade ou finitude" tentei explicar foi que o Homem, porque criador, semi-deus, tem, sem dúvida, uma vontade e um individualismo, e daí a sua contra-natureza, apenas no sentido em que uma árvore, um bicho, um etc. não é dotado dessa humanidade. usei mal a expressão, tem toda a razão.o meu objectivo era destruir essa presumível contra-natureza humana. Porque o Homem continua a ser natureza, uma vez que tudo o que faz dele Homem continua a ser fruto dum acaso, ao qual prefiro dar um sentido, chamando-lhe Amor. As ideias, a inteligência, a vontade, nós controlamo-las (numa pequena parte) - sabemos o que pensamos, sabemos por vezes porque o pensámos, mas NUNCA sabemos como construimos o que pensamos, ou, por outras palavras, porque razão as nossas reconstruções do real, que são a base do desenvolvimento do homem em relação ao animal (a seguir vem o comunicá-las, isto dito duma forma muito simplista, não estudei filosofia numa faculdade nem tenho uma cultura por aí fora), nos aparecem como e quando aparecem e não doutra forma totalmente diferente. Quanto a esta questão, só posso conceber que foi assim "porque sim", porque a minha desvontade, que será então o meu "pedacinho de Deus" que está em mim e em tudo e para onde tudo vai e que NÂO EXISTE COMO SER INDEPENDENTE DE TUDO (seria melhor esta palavra, desvontade, então) veio cá à cabeça e eu depois reconstrui-a com a minha vontade. Aí sim, posso considerar dois seres, mas o que digo é que a vontade acabará quando eu der o berro, e aí serei parte da essência de Tudo (serei apenas o 2º ser) do porque sim que mete as coisas nas cabeças e as energias vitais no real, talvez fisicamente também, se tiver em conta que toda a minha energia será reabsorvida pelo meio. e aí, o "porque não" passa a ser apenas a vontade e liberdade do Homem que questiona, ou seja, o "porquê porque sim", que cria uma espécie diferente de evolução (contra-natura, por não ser o porque sim; ou natura porque o "porque não" está dentro, também ele, do porque sim, mas a nossa cabeça não o concebe); e que cria, através desse mesmo poder criador, a maldade, ou egoísmo. com isto, quase me atrevo a dizer, como "assim falava Zaratustra", que é preciso haver maldade para haver uma evolução e que, se o Amor é a vontade essencial de Tudo, já "acaseou" tudo de forma a que houvesse o mal.Com o Homem, realmente o Mundo evoluiu, mas, ainda assim, a essência do Homem é um "porque sim", que eu, comodamente, digo que é Deus.Eu no fundo acho que tem toda a razão, meu caro senhor anónimo, mas prefiro não dividir o Amor dos seres. Ou melhor, prefiro alimentar o meu orgulho e a minha maldade - benditas sejam elas...
18 de Setembro de 2008 0:35
Benjamim Natura disse...
não quero dizer que o Amor seja o egoísmo, o orgulho e a maldade, mas criou-os porque só assim pode existir também bondade.Estou-me a explicar mal, ainda tenho muito por resolver
18 de Setembro de 2008 0:42
Anónimo disse...
Boas Sr. Natura,Desculpe-me a demora na resposta. Acaba por ir. Aqui.“Deus=Amor. Ou Deus criador de Amor?”Para mim Deus é criador de amor e criado por amor. O que não significa que sejam a mesma coisa, pois deus e um ser e amor um parasita que abunda e desbunda n’ele.”Como o amor também parasita o homem é frequente dizer-se que cada um de nos tem um bocadinho de deus em si, o que me parece de certo modo, um bom engano. “Um ser tem, obrigatoriamente, um corpo físico, isto é, um cadáver?”Um ser tem obrigatoriamente um corpo. Disto não há duvida. O que eu acho(e talvez seja este o cerne da questão) e que pode ter um corpo físico sem cadáver. Um corpo físico porque existe uno no universo( existe no universo, não e o universo). Existe. Mas pode não ser palpável as nossas mãos, nem visível aos nossos olhos. No meu entendimento , dizer corpo físico acaba por ser uma redundância. O “físico” vem dar força ao que o “corpo” tenta descrever.“o amor que "todo o ser terá em si de uma forma exagerada" não é o atingir duma vontade una e eterna?”Mas essa vontade vem de onde? No nada pode-se colocar deus e assim também o amor. Este amor vem de algum vontade? Talvez se possa dizer que vem da vontade de deus. Mas o amor não e posterior a vontade d’ele. O amor habita n’ele. O amor e essa vontade una e eterna são coisas diferentes mas julgo, e por nenhuma ser anterior a outra (deus e eterno assim cm o seu amor e a sua vontade), que ambas coexistem no tempo e no espaço.Esta parte tive dúvidas em perceber:“Um Deus independente da Criação - para mim, Deus está aqui. o seu "ama tudo" é o meu "está na essência de tudo"(essência - corpo espiritual, ou o corpo não-físico de que é feito o amor, ou orientalmente falando, a energia vital do Universo [karma, se não me engano, mas acho que me enganei]).”Duvida primeira: o amor também e feito de um corpo físico, para deste modo se poder falar do corpo não-fisico do amor?Duvida segunda: ao substituir o meu “ama” pelo seu “essência-corpor não físico de que e feito o amor” não estará a igualar tudo?Agora, permita-me que interprete a sua pergunta e a responda (perdoe-me e avise-me se o fizer erradamente):Eu não digo um deus independente da criação. Deus amou tudo antes ate do tudo existir. O tudo teve sempre amor, porque deus sempre o amou. Deus criou o tudo com o seu amor e daí que o amor seja um parasita em tudo (e sim, existe em tudo, como concluirei mais a frente). Reforço ainda que o amor não e um ser que só passou de deus para os resto e só existe em simbiose.Se “porque sim” é igual a “pedacinho de deus”, passa a haver um porquê: porque deus. Para mim faz toda a diferença ter sido deus a criar essa sua desvontade. Alias, a dependência da desvontade e deus.Desta forma a desvontade( o que não consegue explicar da construção do pensamento e outras coisas que tais) foi criada por deus, alias como você mesmo foi criado por deus, vem a cabeça e em cima pomos a nossa liberdade e a nossa vontade. Essa vontade sim acabar quando ser o berro. E aí não integrara deus, mas viverá em comunhão com ele.Fisicamente partilhara o universo. Será universo (palpável e por isso diferente de deus), com a sua matéria e energias.Agora, concordo com que o “porque não” possa ser essa vontade e liberdade do homem que questiona, criando uma espécie diferente (do resto da natureza, sim) de evolução e que cria deste modo também a maldade e o egoísmo. O que eu ainda acho e que isso e natura / tem que haver contrários, certo? Por ex.: bom/mau). Não é contra-natura por não ser o “porque sim”, pode ser natura e não estar dentro do “porque sim”. Assim é natural que haja um “porque não” e é humano (a tal humanidade que falou) que haja um “por quê porque sim”.Agora a conclusão (na qual acabo por concordar consigo):Se há amor poderá haver ausência total dele? Acho que não. Nem sequer existe uma palavra para tal. Mas o amor pode ser muito escasso e estar escondido por alguém que não o queira. Isso acontece qd se reúnem em peso o egoísmo, o orgulho, a maldade e outras q tais… assim o amor passa a ser um parasita incondicional em todos, mas numa dose mínima obrigatória da existência… a má noticia é que me quer crer que este “porque não” tem também uma dose mínima obrigatória a todo o homem.Agora depende de si, de mim, de todos. Alimentamos qual? E por esta razão que se deve acreditar em todas as pessoas (não querendo eu dizer que todas as relações humanas são boas e construtivas para os intervenientes).Agora espero ter-me explicado melhor…Que isto de percebermos esta longe de ser possível. Sabe isso não sabe?
26 de Setembro de 2008 19:26
Benjamim Natura disse...
" que eu acho(e talvez seja este o cerne da questão) e que pode ter um corpo físico sem cadáver. Um corpo físico porque existe uno no universo( existe no universo, não e o universo). Existe. Mas pode não ser palpável as nossas mãos, nem visível aos nossos olhos." - então acha que, para além do cadáver, há algo em nós constituído por matéria e energia, mas possivelmente invisível aos olhos? E será isso a alma, ou o tal corpo do ressuscitar "em corpo e alma"?Agora a resposta às dúvidas.Quando digo um Deus que não seja independente da Criação, quero dizer um Deus que só exista na e com a Criação (um bocado à panteísta, novamente, uma espécie de Deus é Tudo). Quanto ao corpo não-físico, não quis dizer que houvesse um físico, apenas quis dizer que o amor é, digamos assim, a alma das coisas. Quanto à segunda dúvida, acho que é este o ponto que separa a minha ideia de Deus da sua, e, no fundo, é disso que se tem sempre falado - para mim: Deus é Amor (é igual a)para si, pelo que percebi: Deus é o criador do Amor e de Tudo.Eu estou precisamente a tentar igualar tudo, o que me parece que, para si, é inaceitável.estamos (des)entendidos, senhor anónimo.permite-me que publique no blogue esta discussão?Se eu percebesse Deus não teria o prazer de estar aqui a escrever estas coisas, sei isso sim senhor. "Há sempre algum amor" - ainda bem."E aí não integrara deus, mas viverá em comunhão com ele.Fisicamente partilhara o universo." - ora bolas, não vou ser deus.estou a gostar muito desta sua argumentação, pôs-me a pensar. muito agradecido, é mais que provável que tenha toda a razão.(e cá para mim, imagino que o senhor deva é ter um curso de teologia, que parece que tem os termos todos correctos nem inventa termos estúpidos, como os meus)
27 de Setembro de 2008 1:30
Anónimo disse...
só nao usei a palavra alma, porque a maior parte das vezes ela é mal entendida( coitada da alma...), mas talves seja isso sim...sim, é um ponto muito particular este se deus=amor ou criador e criado por amor... um pouco ridicula ate, creio... mas é uma questao válida!todo o gosto em partilhar discussões com bloguistas e outros q tais...inté questionável natura questionário
29 de Setembro de 2008 21:32
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3 comentários:
esse Sr. Anonimo parece-me um pouco picuinhas...
abraços,
sr.anonimo
ai e tal, coisas... isto é esquisito e tal... a bem dizer, acho que estas discussões são assim para o aborrecido, gastam muita massa cinzenta(ou branca, nem sei): uma perspectiva assaz comodista mas concordante com o meu perfil pessoal. Cada um com a sua cadela e se bebem absinto ou vodka preta é indiferente, desde que fiquem todos trocados no fim!:D
Eu alinho na vodka preta! :D
Não gosto nem do Sr.Fulaninho nem do Sr.Benjamim, tenho dito!
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